domingo, 5 de julho de 2009

A má política

Nos últimos anos, para não ir tanto ao passado, os brasileiros se depararam com inúmeros escândalos na política brasileira, atingindo desde o relés serviçal até a mais alta figura da República. A corrupção e falta de ética são de tal tamanho que notícias deste cunho viraram lugar comum no noticiário e o brasileiro até está fadigado de ser informado sobre tais. Mas por que será que a bola de neve chegou a tal tamanho? Evitando digressões sociológicas que abordariam a origem deste problema em séculos passados, prefiro me deter em uma análise mais cotidiana e sintética, na medida do possível, abordando 3 singelos aspectos: a pouca vivência democrática brasileira, o analfabetismo político e a baixa qualificação política.

O povo brasileiro vivencia a democracia representativa plena para todos os cargos políticos há apenas 2 décadas, exceto por aqueles de mais idade que votaram em eleições pré-ditadura militar, diferentemente, por exemplo, do povo norte-americano que elege diretamente seu presidente há mais de 2 séculos. Tal fato, por si só, já explicaria a menor cobrança por parte do brasileiro de seus eleitos, seja por inexperiência de como fazê-lo, seja associação aos índices sociais, como a educação, apenas razoáveis na maioria.

Mas, infelizmente, é notável o chamado analfabetismo político, visível até mesmo nas classes mais abastadas, com acesso a boas escolas e boa formação, o que é inexplicável, e que se estende, de certa forma explicável, aos estratos menos favorecidos. Uma população que não se interessa em envolver em discussões que possam melhorar aspectos que interfiram em sua vida, não é uma população que saberá cobrar por melhorias na associação do bairro ou junto aos vereadores e deputados eleitos. É de se espantar que quase a totalidade da população não se interessa por política. Por conta disso, os políticos, mesmo que eleitos pelo voto popular, não se sentem na obrigação de prestar conta e nem de representar um povo analfabeto politicamente e, portanto, lixam-se para a opinião pública.

No Brasil, diferentemente de países europeus e os Estados Unidos, a nata social prefere trabalhar na iniciativa privada a servir o bem público, o que é uma lástima, pois sobra para os cargos eletivos, na maioria dos casos, a escória, indivíduos de baixa qualficação, que procuram na política um cabide de sustentação para atender os direitos individuais e buscar o poder pelo poder. Com este quadro lastimável, somos obrigados a ver apedeutas na presidência e indivíduos que não são estadistas guiarem o nosso grande país, o que acaba inflando a máquina pública e abrindo, portanto, mais espaço para a má política, e levando a ausência de implementação de medidas que visem o futuro da nação.

Qual seria a solução? Sou um réles estudante de medicina para querer propor uma solução para o caos que vivenciamos, mas enquanto a experiência o povo brasileiro adquirirá com mais e mais eleições, e com a estabilização de nossas instituições democráticas é isto que vai acontecer, os demais fatores são mais árduos de serem corrigidos. A cegueira política só será curada quando o brasileiro passar a corrigir atos próprios no seu cotidiano, como não permitir a se dar propina a guarda de trânsito, cumprir as leis do trânsito, colher as fezes do seu cachorro, dentre outros, como até mesmo participar mais ativamente da vida política local e partidária. Quanto a participação da nata social na política, é fundamental valorização do empregado público associada à punição rigorosa daqueles sujos, pois dificilmente o trigo vai querer se juntar ao joio, e para tal é fundamental a pressão popular. Assim, quem sabe, veremos no Brasil, como alhures, políticos renunciando ao cargo, sendo presos e até se suicidando, porque foram envolvidos em algum escândalo de corrupção.

Por fim, é importante ressaltar a todos aqueles que são aspirantes a entrar na política, para não se tornarem a escória, que tanto mal faz ao Estado, que só se deve de fato entrar nela caso possua um ideal, um objetivo, que é sacrificar-se para servir o povo, seja para melhorar a saúde, seja para a educação, ou tantos outros quesitos em que somos deficientes. Caso os aspirantes não pensem nisso, irão perpetuar os males que aí estão no noticiário, pois não existe política pela política.

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